Professora de Etec desenvolve ferramenta de IA para correção de redações
‘Cria’ é uma inovação educacional que utiliza a inteligência artificial para identificar erros e acertos em redações, de forma rápida e precisa,
de acordo com as regras do Enem.
As redações são o ponto alto de provas de processos seletivos e, muitas vezes, uma etapa temida pelos candidatos. O Corretor de Redações por Inteligência Artificial (Cria) promete ser um grande aliado para passar por essa fase. A ferramenta inovadora é capaz de identificar erros e acertos em uma redação dissertativa-argumentativa, de forma rápida e precisa, de acordo com as regras de avaliações do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Fruto do trabalho da professora de tecnologia Cintia Maria de Araújo, docente da Escola Técnica Estadual (Etec) Maria Cristina Medeiros, em Ribeirão Pires, o projeto nasceu para sanar uma dificuldade sentida no ambiente escolar. A docente diz que os alunos têm necessidade de praticar mais, escrevendo muitas redações, mas que os professores não dispõem de tanto tempo para atender essa alta demanda, fazendo com que, nem sempre, seja possível se dedicar às particularidades de cada estudante.
Na prática
Com a ferramenta, os professores explicam o tipo de redação que precisam e pedem para o aluno colocar o texto produzido na plataforma, que faz uma análise detalhada do que foi escrito, aponta os desvios e os erros, em 20 categorias diferentes. Essas correções são marcadas diretamente no texto, fazendo com que o usuário identifique as áreas que precisam de ajustes.
Outra grande vantagem é que o Cria mantém um histórico de progresso do usuário, fornecendo dados valiosos para melhorias na escrita. Com uma plataforma gamificada, é possível compartilhar os avanços com amigos e fazer uma autoavaliação da evolução dos trabalhos redigidos. “A ferramenta oferece rapidez no feedback, além de permitir que o aluno aprenda enquanto corrige o material, pois o Cria traz várias dicas sobre os erros cometidos”, explica a idealizadora do projeto.
Para os professores, a ferramenta também apresenta importantes funcionalidades. O docente pode fazer uma análise profunda das redações apresentadas, criando destaques de desvios e erros de forma clara. Também é possível que o professor interfira nos apontamentos identificados pela IA, ajuste a nota e, dessa forma, contribua para um ensino personalizado, com mais chance de melhoria contínua do estudante.
Em média, são gastos certa de 15 minutos para corrigir um texto. A professora comenta que a ferramenta proporciona uma experiência para transformar a abordagem de ensino, marcando erros gramaticais, semânticos, ortográficos, coesivos etc. “Ao receber redações com uma pré-correção detalhada, nós economizamos um tempo valioso e podemos focar em orientações individuais mais específicas, uma contribuição para uma evolução mais eficiente dos alunos.”
O Cria é uma plataforma de IA cujo principal objetivo é levar, tanto para o aluno como para o professor, uma verdadeira transformação na maneira como aprendemos e ensinamos. A ferramenta não oferece nada pronto, ou seja, o aluno ainda precisa da criatividade na escrita, repertório, argumentação. “A ideia é ir na contramão de plataformas generativas, é forçar o aluno a voltar para o texto, permitir que ele faça uma análise crítica da própria redação.”
Resultados
A proposta da professora de tecnologia já está em uso em Etecs e com professores parceiros. Após testes e refinamentos, a desenvolvedora conta que o nível de exatidão dos resultados obtidos é de, em média, 90% nas correções das notas. “Os professores têm relatado que a correção está muito mais rápida e que os alunos estão praticando mais a escrita”, comenta.
A possibilidade de empregar o uso da ferramenta dá esperanças de um processo educacional mais eficaz, acessível e alinhado com as necessidades dos alunos e professores modernos. “Se a tecnologia pode apoiar nesse sentido, não vejo porque não utilizar. O que não podemos é deixar de explorar a criatividade, o texto autoral de cada indivíduo. Para isso, o professor tem o papel essencial”, reforça a desenvolvedora do Cria. Para o futuro, a esperança de Cintia é de cada vez mais investimento de Inteligência Artificial na educação. “Todas as ferramentas, se bem utilizadas e acompanhadas por profissionais, podem ser úteis para trabalhos mais maçantes e repetitivos.”