Jovem de Catanduva perdeu todos os movimentos do corpo por causa da síndrome de Guillain-Barré; aluno de Gestão da Tecnologia da Informação, ele já está empregado na área
A história de Patrick dos Santos, aluno do quinto semestre do curso de Gestão da Tecnologia da Informação da Faculdade de Tecnologia do Estado (Fatec) Catanduva, une superação e a certeza de que a educação de qualidade é o caminho para uma carreira de sucesso. Em 2020, em plena pandemia de Covid-19, ele foi acometido de uma doença que colocava seus planos para o futuro em risco.
“Durante meu terceiro ano do Ensino Médio, fomos para a Ilha de Marajó (estado do Pará) porque meus pais foram realizar trabalhos sociais. Como estávamos no período de aulas remotas, eu conseguiria acompanhar. No último dia de trabalho, após a despedida, eu acordei com meu corpo completamente paralisado”, relembra o estudante.
O diagnóstico foi de síndrome de Guillain-Barré, doença autoimune grave e rara (de 1 e 4 casos por 100 mil habitantes, segundo o Ministério da Saúde), em que o sistema imunológico passa a atacar as células nervosas, levando à inflamação dos nervos periféricos e da espinha dorsal.
Com um longo processo de recuperação pela frente, que incluía tratamento com medicamentos e fisioterapia, Patrick cogitou adiar o sonho de disputar uma vaga no Ensino Superior. Foi quando entrou em cena um de seus professores no Ensino Médio, da Escola Estadual Doutor Nestor Sampaio Bittencourt, de Catanduva, Romualdo da Silva.
Ele não apenas insistiu para que Patrick não desistisse dos seus planos, como fez a inscrição do jovem no Vestibular da Fatec para o primeiro semestre de 2021. Naquele momento, o ingresso era feito por análise de currículo, sem necessidade de locomoção para a prova.
“Nem todo jovem chega ao Ensino Médio com um projeto de vida estruturado e alguns mostram dificuldades em viabilizar esse caminho para entrar no Ensino Superior”, avalia o educador. “Por serem imediatistas, talvez isso dificulte esse processo de eles enxergarem mais a frente e, portanto, é papel da escola mostrar a possibilidade de cursar uma graduação.”
Patrick começou a faculdade ainda no ensino remoto, mas com a recuperação dos movimentos do corpo passou a frequentar as aulas presenciais e se destacar entre os demais colegas de turma. Tanto que se tornou monitor da disciplina de programação. “Ajudava os colegas que tinham dificuldade com o conteúdo”, explica o estudante.
O professor que ministra a disciplina, Marco de Grandi, gostou do que viu e o chamou para participar de um processo seletivo para uma vaga em sua empresa de tecnologia. “A maioria das pessoas que trabalham na Dataplus é Fatecano. Alunos da Fatec têm um perfil dinâmico, sabem que vão encontrar desafios e estão preparados para solucioná-los”, elogia Grandi.
“Confesso que foi tudo novo para mim. No Ensino Médio, a gente aprende bastante, mas no curso de graduação estou aprendendo tanto sobre tecnologia, como também sobre gestão”, afirma Patrick. “Na Dataplus trabalho como desenvolvedor, faço ajustes nos sistemas de softwares utilizados pelas empresas clientes.”